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Líder do PL na Câmara diz que anistia será pautada depois do julgamento de Jair Bolsonaro

Proposta de Sóstenes Cavalcante retroage até 2019, início do inquérito das fake news, e reabilita ex-presidente para as eleições; texto deve encontrar resistência no Congresso

Líder do PL na Câmara diz que anistia será pautada depois do julgamento de Jair Bolsonaro
Líder do PL na Câmara diz que anistia será pautada depois do julgamento de Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução)

O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou que a proposta de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro — que também pode beneficiar Jair Bolsonaro — não será discutida nem votada na próxima semana. O anúncio ocorre às vésperas da retomada do julgamento do ex-presidente e de outros réus na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), marcada para terça (9), quarta (10) e sexta-feira (12). Segundo Sóstenes, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), garantiu que a proposta será pautada, mas sem indicar prazo. “Semana que vem não será nada. Vai ser uma semana mais tranquila para fazermos os diálogos”, disse o deputado, após reunião na residência oficial da Casa.



Sóstenes elaborou um texto de anistia que é considerado o mais abrangente até agora. A proposta retroage até março de 2019, início do inquérito das fake news, e concede perdão a investigados, processados e condenados por crimes relacionados a ataques a instituições, incitação ao crime, associação criminosa e ilícitos eleitorais, entre outros. O texto também derruba todas as inelegibilidades já aplicadas ou que venham a ser declaradas, o que reabilitaria Bolsonaro para disputar as eleições de 2026.

Uma versão semelhante circula na Câmara com a assinatura de Rodrigo Valadares (União-SE), relator do tema na Comissão de Constituição e Justiça. Ambos os projetos contrastam com a estratégia do Centrão, que defende a anistia, mas sem contemplar Bolsonaro, numa articulação para fortalecer o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como alternativa presidencial.

O líder do PL disse acreditar que o relator será escolhido entre partidos de centro-direita, como União Brasil, PP, Republicanos ou PSD, e descartou a possibilidade de que o PL assuma essa função. Ele também acusou ministros do STF de pressionarem o Congresso: “Alguns querem entregar a prisão de Bolsonaro como troféu”. No Senado, a tramitação também promete disputas. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), já se manifestou a favor de uma versão restrita da anistia, sem beneficiar Bolsonaro. A postura foi classificada como “estranha” por Sóstenes, que cobrou neutralidade.

O governo federal e juristas questionam a constitucionalidade do projeto. O vice-líder do PT na Câmara, deputado Alencar Santana (SP), classificou a proposta como “um ataque à Constituição”. Para especialistas, se aprovada, a lei deve ser contestada no Supremo, já que a Constituição considera crimes contra o Estado Democrático de Direito imprescritíveis e inafiançáveis. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também manifestou preocupação. Em evento em Minas Gerais, alertou para a “força da extrema direita” no Congresso e para o risco de aprovação da anistia.


Por da Redação 05/09/2025 10h47 - Atualizado em 05/09/2025 10h47